A VERDADE DO EVANGELHO

MEMÓRIAS DE CHARLES G. FINNEY

por Charles G. Finney

CAPÍTULO X.

 

REAVIVAMENTO EM GOUVERNEUR

O IRMÃO Nash, de acordo com tudo aquilo que combinamos, voltou no dia seguinte para Gouverneur.

Desloquei-me, creio que cerca de trinta milhas para chegar ao local. Chovia torrencialmente logo pela manhã, mas assim que parou, tive como chegar a Antwerp. Mas mal comecei a almoçar, a chuva voltara de novo até quase ao fim da tarde. Desde a manhã que me parecia ser impossível alcançar o local de culto e a tarde apenas me dizia o mesmo. Mas logo a chuva parou por algum tempo e pus-me a caminho de Gouverneur. Descobri mais tarde que as pessoas haviam desistido de me esperar, devido à chuva intensa que se fez sentir.

Antes mesmo de ter alcançado a vila, um certo senhor S-, um dos principais membros daquela igreja, já voltava para sua casa a qual eu já havia passado. Ele parou sua carruagem e perguntou-me se eu era o Finney. Respondi-lhe que sim e então ele acrescentou: "Olhe, por favor, volte para traz até minha casa, pois faço questão que seja meu hóspede. O senhor deve estar fatigado por causa da longa jornada até aqui nestas estradas lamacentas e intransitáveis; volte, pois acho mesmo que não deve haver qualquer reunião hoje". Respondi-lhe que eu iria a qualquer custo cumprir com o compromisso assumido e perguntei se ainda lá havia alguém na igreja. Disse-me que quando saíra de lá, as pessoas ainda lá estavam, mas achava que me seria de todo impossível alcançar o local antes de se haverem dispersado.

Cavalguei rapidamente, apeei-me à porta do salão de culto e apressei-me a entrar. O irmão Nash estava por traz do púlpito e acabava de se erguer para mandar as pessoas para suas casas. Mas mal me viu, levantou suas mãos e esperou até que houvesse chegado ao púlpito e abraçou-me efusivamente, erguendo-me no ar. Depois da sua cerimónia de boas-vindas, apresentou-me de seguida à congregação. Em poucas palavras dirigi-me às pessoas informando que havia vindo cumprir o que havia sido estipulado e que querendo Deus eu iria pregar a uma certa hora, a qual marquei logo ali.

Quando chegou a hora, a casa estava lotada de gente. As pessoas haviam ouvido tanta coisa, tanto a favor quanto contra mim, que sua curiosidade não lhes permitia ficar sem vir ouvir-me. O Senhor deu-me um texto do qual preguei e derramei todo o conteúdo do meu coração sobre eles. A Palavra teve um efeito tremendo sobre eles. Isso era plenamente manifesto e bastante visível em todos ali presentes, creio mesmo. Terminei aquela reunião e só então pude ir descansar.

O hotel da vila era dirigido por um Dr.S-, um Universalista convicto. Na manhã seguinte, saí como me era habitual, para falar com as pessoas e inquirir deles sobre o verdadeiro estado de suas almas. Maravilhei-me pois toda a vila fervilhava de entusiasmo. Depois de haver entrevistado e conversado com algumas pessoas, entrei na loja dum alfaiate e descobri que as pessoas estavam a discutir todo o sermão do dia anterior.

O Dr. S-, que eu ainda não conhecia, estava entre essas mesmas pessoas, defendendo seus sentimentos Universalistas. Mal entrei, os argumentos e os apontamentos que havia feito serviram de tema de conversa e o Dr. S- deu um passo em frente, apoiado pelos demais que ali se achavam, desabafando e disputando seus pontos de vista, declarando-me suas doutrinas de salvação universalista. Alguém o apresentou a mim eu disse-lhe de seguida: "Dr., teria muito gosto em discutir consigo suas opiniões, mas para que tenhamos essa mesma conversa teremos que acordar a maneira da discussão antes de tudo". Eu estava já habituadíssimo a discutir as opiniões com universalistas e nunca esperava que algo de bom saísse dessas mesmas discussões, a menos que certa disciplina fosse imposta sobre o desenrolar de tal tempo de discussão. Propus-lhe, por essa razão, que deveríamos discutir apenas um ponto de cada vez e fazendo-o até que esse mesmo ponto estivesse devidamente esgotado, para que assim tivéssemos como pegar num e depois noutro assunto. Então poderíamos e haveríamos de discutir apenas o ponto de vista presente sem vaguearmos nem divagarmos dele. Também ficou assente que nunca nos interromperíamos um ao outro em debate e que cada um tivesse a liberdade de atestar seus pontos de vista livre e efusivamente. Em terceiro lugar que não poderia haver discussão e desprezo um pelo outro, mas que se pudesse manter o pleno respeito um pelo outro, dando o devido peso a cada argumento, de um e de outro lado. Sabia de antemão que eles argumentavam todos num sentido apenas e que facilmente se uniam em defesa uns dos outros e que essa manhã estava destinada a que tal coisa sucedesse também.

Tendo estabelecido os preliminares, começamos com os argumentos. Não demorou muito até que todos os pontos de vista deste senhor estivessem por terra, demolidos, pois ele sabia muito pouco acerca de toda a Bíblia. Tinha uma maneira peculiar de dispor de certas passagens bíblicas à sua maneira, conforme as recordava apenas. Tudo o que se recordava da Bíblia, servia apenas como algo que se sujeitava e apoiava seus pontos de vista. Mas tal como é peculiar de todos os Universalistas, ele demorou mais tempo em argumentar acerca daquilo que acham que é a injustiça do castigo eterno.

Logo lhe pude mostrar, tal como aos demais ali presentes, que tinha muito pouco terreno onde se firmar conclusivamente, no que toca a Bíblia. Logo tomou posição que, dissesse a Bíblia o que dissesse, castigo eterno seria algo sempre injusto e que por essa razão a Bíblia não tinha porque ser verdade nem verdadeira, pois ameaçava com um castigo eterno. Mas havia sido concluído o argumento quanto ao que a Bíblia dizia sobre todos os seus argumentos. De facto, pude sentir que no fundo todos eles eram apenas cépticos e descrentes, não cedendo apenas porque a Bíblia contradizia frontalmente todos os seus pontos de referência. Foi assim que conclui com aquela questão sobre o castigo eterno. Pude notar que todos os seus amigos estariam em profunda agitação interior, pois suas bases de segurança lhes havia sido retirada. Muito pouco tempo depois um deles saiu dali disparado. Conforme continuei, mais um saiu e acabaram todos por o deixar só em seus argumentos: foi abandonado pelos seus. Todos eles se haviam apercebido que estaria errado sem qualquer sombra de dúvida.

Ele era quem consideravam seu líder. E Foi assim que Deus me permitiu desterrar todos os seus argumentos diante de seus próprios seguidores. Assim que notou que não tinha mais nada para argumentar, instiguei sua atenção para aquela necessidade de salvação imediata e absoluta e muito amigavelmente lhe desejei um bom dia para e fui-me embora, tendo aquela convicção de que em breve algo mais surgiria daquela conversação novamente.

A esposa deste médico era crente, membro da igreja local. Ele narrou-me um ou dois dias depois disso, que seu marido chegara a casa muito agitado, sem saber por onde havia andado. Ele entrara em seu quarto, sentou-se, mas logo se levantaria por não conseguir permanecer sentado por muito tempo. Ela notou que ele estava em grande agitação pelo semblante carregado que manifestava. Perguntou-lhe o que se passava. Ele respondeu: "Nada!". No entanto, toda a sua agitação aumentou de tom. Perguntou de novo se algo se passava com ele. Ela começou levemente a suspeitar que ele havia estado comigo. Então perguntou-lhe: "esteve com o Sr. Finney esta manhã?" Isso colocou uma paragem em toda a sua agitação, exclamando: "Sim! E ele fez com que todas as minhas próprias armas agora estejam apontadas à minha própria cabeça!" Sua agonia intensificou-se e assim que parou de resistir, havendo sido aberto caminho a que se pudesse expressar, entregou-se àquilo que o atormentava e desde logo começou a experimentar esperança. Seus seguidores entraram, havendo sido trazidos, até que um avivamento genuíno limpou toda aquela eira.

Disse que havia por ali uma igreja Baptista e também uma Presbiteriana, cada qual tendo o seu salão de culto perto um do outro. Esta igreja Baptista tinha Pastor e a Presbiteriana não tinha. Mas assim que o avivamento irrompeu, os irmãos da igreja Baptista começaram a opor-se a ele. Falavam contra a obra de Deus e usavam mesmo meios pouco recomendáveis para lhes servir de arma de oposição. Isto encorajou uns certos jovens a unirem-se e a estabelecerem-se mutuamente contra todo aquele avivamento. A igreja Baptista detinha muita influência naquele local e maioritariamente por essa razão, sentiram-se devidamente encorajados a oporem-se. Havia uma certa amargura no ar, muito forte em seus apetrechos. Estes jovens formaram uma frente unida e pareciam uma catapulta a impedir qualquer progresso da Obra.

Mediante este estado de coisas e circunstâncias, eu e o irmão Nash decidimos que seria uma barreira a ser vencida pela oração, pois não nos era possível destronar tudo aquilo de outra forma sequer. Nós nos retiramos para o bosque os dois e nos entregamos à oração sobre todo aquele assunto até que houvéssemos sentido que havíamos prevalecido diante de Deus quanto àqueles jovens. Sentimos mesmo que nenhum poder nesta terra teria mais como impedir que a poderosa mão de Deus se interpusesse e destronasse todo aquele breve impedimento ao avivamento.

No domingo a seguir, depois de haver pregado de manhã e pela tarde &endash; fui eu quem pregou sempre, pois o irmão Nash entregara-se por inteiro à oração &endash; combinamos encontrarmo-nos pelas cinco da tarde na igreja, para uma certa reunião de oração. A casa estava lotada de gente. Perto do fim da reunião o irmão Nash levantou-se do seu banco e direccionou seu discurso para os jovens oposicionistas da igreja Baptista. Creio mesmo que todos eles estavam ali presentes dando mãos enfrentando o Espírito de Deus. Era um caso tão solene contra eles, que seria ridícula demais não confrontá-los pela forma como desprezavam toda aquela avalanche da obra de Deus em curso. Sua dureza sentia-se no ar, era palpável para todos ali presentes.

O Irmão Nash falou directamente para eles, apontando o verdadeiro perigo em que incorriam. Para o fim de todo seu discurso, aqueceu seu tom e disse-lhes assim: "Agora oiçam-me bem, jovens! Deus quebrará vossas trincheiras num tempo limite duma semana, ou convertendo-vos, ou mandando alguns de vós para o inferno. Ele fará isso mesmo, tão certo quanto Ele é o meu Deus!" Ele movimentava seus braços e desferiu um golpe casual sobre o púlpito, fazendo um grande ruído. Ele baixou-se logo, agarrou em sua mão, cheio de dor.

Toda a sala emudeceu em silêncio absoluto e as pessoas na sua maioria, baixaram suas cabeças levemente. Tive oportunidade de observar que aqueles jovens estariam se agitando. Quanto a mim, lamentei-me que o Irmão Nash houvesse ido tão longe quanto foi. Ele se comprometeu, que Deus ou tiraria a vida daqueles jovens, colocando-os no inferno, ou os converteria numa semana. Contudo, na Terça-feira dessa mesma semana, o líder desse movimento oposicionista, deflagrou vindo até mim em grande agonia de espírito. Ele estava disposto a submeter-se. Assim que o pressionei levemente, quebrantou-se diante de mim como o faria uma criança. Confessou tudo e entregou sua vida a Cristo para logo de seguida me perguntar: "Sr. Finney, que devo fazer agora?" Respondi-lhe de seguida assim: "Vá buscar seus jovens companheiros, ore com eles e exorte-os a submeterem e entregarem-se a Deus de imediato. Assim fez prontamente. E antes mesmo que a semana houvesse passado, senão todos, no mínimo quase todos detinham uma esperança real em Cristo.

Havia um comerciante que vivia naquela vila, um certo senhor S-. Era um homem muito amável, um cavalheiro, mas descrente. Sua esposa era filha dum pastor Presbiteriano e era sua segunda esposa. Sua primeira esposa também havia sido filha dum pastor da mesma denominação. Ele se havia casado com duas famílias de ministros Presbiterianos. Ambos os seus sogros esforçaram-se grandemente para o converter a Cristo, mas em vão. Era um homem de leitura e de reflexão. Ambos os seus sogros pertenciam à antiga escola Presbiteriana e colocaram em suas mãos livros que apresentavam seus pontos de vista incondicionalmente. Era o que o fazia tropeçar, pois quanto mais ele lia aqueles livros, mais ele se convencia que a Bíblia era falível.

Sua esposa urgiu-me a que viesse ter uma conversa com ele. Informou-me sobre todos os seus pontos de vista e de todos os esforços antecedentes que haviam sido feitos para assegurar sua conversão. Mas afirmou mesmo que ele estaria irredutível e assegurava que nenhuma conversação teria como demovê-lo de todos os seus princípios básicos. Mesmo assim comprometi-me a ir falar com ele e assim fiz oportunamente. Sua loja estava mesmo em frente ao edifício de sua casa. Ela entrou na loja e pediu-lhe que entrasse. Ele declinou, argumentando que de nada serviria e que já havia conversado o quanto bastasse com ministros; que sabia precisamente o que eu lhe iria transmitir e que por essa razão iria apenas perder seu tempo para nada. Disse também que, para além do mais, era algo repulsivo a seu sentimento. Ela respondeu: "Mas, Sr. S-, nunca o vi tratar ministros que lhe tenham pedido uma audiência para falar consigo, desse jeito assim. Eu convidei o Sr. Finney para ter uma conversação sobre este assunto da religião e sentir-me-ei muito magoada e ferida caso o senhor se recuse a recebê-lo!"

Ela detinha um grande respeito e amor para com sua própria esposa e ela era uma mulher de raça e fibra. Para ter porque agradá-la, consentiu entrar na loja. A senhora S- apresentou-o a mim e saiu do local. Então dirigi-me a ele dizendo: "Sr. S-, entrei aqui sem qualquer intenção de ter um argumento consigo, mas caso me conceda alguma atenção, poderei certamente ajudá-lo a sobrepor-se aos problemas que tem com a religião evangélica, pois sou alguém que os tinha em mim mesmo de igual modo". Falei com ele no mais meigo tom de voz e de imediato ele se sentiu à-vontade diante de mim, sentou-se ao meu lado e disse-me assim: "Sr. Finney, não existe necessidade de nos alongarmos em conversas sobre este mesmo assunto. Ambos estamos bem familiarizados com todos os argumentos de ambos os lados e posso desde logo adiantar quais os pontos principais dos meus pontos de vista, por causa dos quais nunca consegui parar de questionar. Suponho desde já que o senhor me responderá a todos e que todos os seus muitos argumentos serão futilmente inúteis. Mas caso me queira ouvir, posso relatar os meus pontos de vista todos".

Pedi-lhe encarecidamente que o fizesse. Começou então a dispor de argumentos como este, que acho que posso recordar desta forma: "Tanto o senhor com eu concordamos na existência de Deus". "Sim". "Ambos de estamos de acordo a que Ele seja poderoso, muito sábio e muito bom". "Sim". "Nós concordamos que somos ambos criados por Ele e que através dessa criação distinta deu-nos certas convicções irrefutáveis no que toca ao bem e ao mal, justiça e injustiça". "Sim". "Assim concordamos também que tudo aquilo que possa ir contra essas mesmas convicções internas nunca tenha como vir de Deus, pois nada disso nem é sábio, nem bom". "Sim, estamos de acordo quanto a essas questões". "Sendo assim", continuou, "a própria Bíblia nos exorta a viver em pleno acordo com a leis de Deus que estão pré-estabelecidas desde há muito, do qual Deus é o próprio autor; também nos deu uma natureza pecaminosa que nunca terá como viver dentro desses padrões. Logo Deus exige de nós uma obediência naquilo que nunca teremos como obedecer. Temos de ser bons, o que nunca podemos, sendo-nos tal coisa de todo impossível. Logo, nos condena a uma eternidade de sofrimento por que nunca cumprimos tudo aquilo que não temos como cumprir".

Respondi-lhe: "Sr. S., o senhor tem alguma Bíblia? Pode-me mostrar onde se encontra a passagem que ensina isso assim?" "Mas porque razão? Não há necessidade disso! Até o senhor admite que é assim, que é isso mesmo que a Bíblia ensina de facto" "Não, eu refuto tudo isso por inteiro". "Então", continuou, "a Bíblia afirma que Deus nos imputou todo o pecado desde Adão em toda a sua posteridade; que todos nós herdamos essa natureza pecaminosa e que estaremos sujeitos a uma condenação eterna apenas porque temos pecado que nos vem desde Adão; assim, eu não me importo quem ensina tal coisa, ou qual o livro que diz isso, apenas sei que tal argumento nunca poderia ter sua origem em Deus. Isso contradiz directamente todo o sentido de justiça que habita em mim desde nascença!"  "Sim, tal como contradiz os meus também. Mas, diga-me, onde na Bíblia, está isso escrito?"

Ele começou a citar a catecismo, conforme já o havia feito antes. Respondi-lhe que esse era um argumento inerente ao catecismo e nunca à Bíblia. "Mas, porquê? O senhor não é ministro Presbiteriano? Assumi que o catecismos serviam de autoridade e exerciam-na sobre si!" "Não", respondi, "estamos a falar sobre a Bíblia &endash; se aquilo que a BÍBLIA afirma é verdade ou não. Tem o senhor como afirmar que esses argumentos retratam fielmente as doutrinas bíblicas?" "Mas, se o senhor nega que isto vem escrito na Bíblia, porque toma tais atitudes que eu nunca vi serem tomadas por nenhum ministro Presbiteriano?" Logo procedeu em atestar que todos os homens teriam necessariamente de se arrepender e que era algo que afirmava ser impossível ao ser humano. Pedia deles uma fé e uma obediência que lhes era de todo impossível. Eu apenas voltei ao meu argumento de lhe pedir que atestasse onde se dizia isso na Bíblia! Ele citava o catecismo e eu voltava a perguntar-lhe onde na Bíblia.

Prosseguiu dizendo também que a Bíblia atestava que Cristo havia morrido apenas para os que eram eleitos e que mesmo assim mandava a que todos os homens em todo lado se arrependessem de seus pecados, eleitos e não-eleitos, sob pena duma condenação eterna. Dizia ele: "O facto é que em todos os mandamentos e preceitos contradiz meus melhores sentidos de justiça, implantados em mim desde minha criação. A cada passo existe uma contradição e eu nunca poderei aceitar que isso seja assim". Ele estava acalorado e positivo em seus argumentos. Mas logo lhe respondi: "Caro Sr. S-, existe algo de errado em tudo isto. Esses ensinamentos não são os que vêm na Bíblia &endash; reflectem apenas tradições humanas criadas em doutrinas à semelhança do desejo humano, mais do que ser um reflexo fiel da verdade da Bíblia em si".  "Sendo assim, diga-me Sr. Finney em que crê o senhor então?" Ele disse isto com um enorme grau de impaciência. "Caso o senhor tenha como me ouvir por uns momentos, poderei explicar as coisas em que creio". Logo comecei por lhe explicar quais os meus pontos de vista quanto à Lei e ao próprio Evangelho. Ele era muito inteligente, o suficiente para me entender facil e rapidamente. Penso que, durante cerca duma hora, levei-o a passear por todos os terrenos de suas objecções e contestações. Tornou-se muito interessado e pude notar que tudo quando lhe dizia era intensamente novo para ele.

Mas assim que cheguei à grande questão da reconciliação, mostrando através das Escrituras que se destinava a todo o homem na face da terra, qual a natureza dessa mesma reconciliação, seu alcance e medidas para alcançar esse mesmo fim, sua extensão, a liberdade de salvação que existia apenas em Cristo, pude verificar que seus sentimentos subiam de tom, colocou suas mãos em toda sua face, os cotovelos em seus joelhos e tremia de emoção! Vi como seu sangue lhe subia à cabeça para logo de seguida seus olhos começarem a derramar lágrimas de contentamento, livremente. Levantei-me de imediato e deixei aquele quarto, sem haver dito uma palavra mais. Pude ver que uma seta de amor havia trespassado seu peito e eu esperava sua conversão a qualquer momento. Sucedeu que aquele homem se converteu antes de haver saído dali.

Logo de seguida tocavam os sinos para a reunião de oração e para a conferência que estava agendada para aquela hora. Entrei e logo de seguida entraram também a senhora e o senhor S-. Seu semblante revelava que havia sido muito tocado. Todas as pessoas entreolhavam-se admiradas de ver o Sr. S- por ali, naquela reunião. Ele sempre atendia os cultos de domingo, creio, mas vê-lo ali numa reunião de oração, sendo esta de dia ainda, era algo estranho para todos. Por essa razão fiz certos apontamentos e levei o meu tempo expondo minuciosamente as coisas e ele prestou toda a atenção a tudo o que se dizia.  

Sua esposa me disse mais tarde, que quando ele chegou a casa depois daquela reunião, virou-se para ela e dissera-lhe: "Minha querida esposa, onde está toda a minha infidelidade? Onde se meteu ela? Não consigo distinguir o que se passou dentro de mim, mas também não me consigo rever mais nela. Por muito que eu a chame de volta, ela não existe mais. Não me resta nem um pouco dela mais, nem um sentir leve da mesma. Parece-me mesmo que era uma autêntica futilidade da minha parte. Como pude eu haver defendido meus pontos de vista daquele jeito cruel? Não posso sequer imaginar que eu tenha respeitado aqueles pontos de vista. Parece-me que fui convidado a inspeccionar um templo magnífico, do qual inspeccionei apenas uma esquina de toda a sua estrutura e me desgostou tanto que acabei abandonando o local sem o inspeccionar em maior detalhe. Acabei condenando todo o edifício sem uma avaliação justa, em toda a sua proporção dimensional. Foi assim tolamente que tratei todo o governo moral de Deus, insensatamente". Ela me disse mais que ele sempre fora uma pessoa particularmente amargurado contra a doutrina de castigo eterno, mas que quando abandonavam o local de culto, ele afirmava que pela maneira como havia tratado e lidado com Deus até então, ele reconhecia que merecia esse eterno castigo sem dúvida.

A conversão deste homem foi bem clara e evidente. Ele acalorou desde então toda a causa de Cristo na Terra e alistou-se na promoção de todo aquele avivamento. Juntou-se à igreja e pouco tempo depois tornou-se diácono da mesma. Relataram-me que foi muito usado e muito eficiente até ao dia da sua morte.

Depois desta conversão do Sr. S-, também após a conversão daqueles jovens os quais destaquei, pensei que já era tempo de terminar com aquela oposição que enfrentávamos da igreja Baptista e do seu ministro. Tive um encontro, em primeiro lugar, com um dos diáconos daquela igreja, o qual estava numa amargura terrível, em oposição. Disse-lhe assim: "Penso que os senhores já se excederam em toda a vossa oposição. Terão de se dar por satisfeitos que se trata duma obra de Deus em pessoa. Nunca mencionei algo sobre essa oposição vossa em público e também não desejo fazê-lo, nem mesmo dar a entender que exista tal coisa da vossa parte. Mas sinto-me agora no dever de, caso não parem com essas questões fúteis duma vez, expor toda forma ridícula a que se entregaram, a partir do púlpito". As coisas estavam num estado avançado tal, que sentia que tanto Deus como o publico em geral me estariam apoiando nessa mesma medida que tomara posse de meu coração ali.

Ele confessou sua oposição e disse-me que lamentava tudo aquilo; saiu prometendo que não mais se oporia à obra de Deus, confessando que estava errado, que haviam cometido um erro e que estaria enganado acerca de tudo aquilo. Não apenas isso, mas que ele próprio considerava que toda aquela questão havia sido uma coisa da maior impiedade possível e que seus sentimentos sectários de segregação haviam ido longe demais. Ele esperava que eu o perdoasse e orou para que Deus o perdoasse também. Retorqui que nunca mais mencionaria nada sobre toda aquela oposição caso parassem com aquilo desde logo. Foi algo a que se comprometeram desde ali.

Logo de seguida disse-lhe que "um grande número de jovens com pais Baptistas, os quais pertencem à vossa igreja, têm-se convertido durante as reuniões" (Tanto quanto posso recordar, penso que eram perto de quarenta jovens convertidos nesse avivamento). "Caso os senhores se queiram entregar a sentimentos segregacionistas e prosélitos, provocando uma certa avalanche de sentimentos sectários entre igrejas, isso será muito mais catastrófico que qualquer oposição das que foram promovidas até aqui. Mesmo contra a vossa oposição, a obra de Deus tem prosperado a olhos vistos. Todos os irmãos Presbiterianos estão limpos desse sentimento sectário e em todos eles abunda um espírito de oração relevante. Mas temo que caso os senhores entrem por um caminho em busca de prosélitos e sectário, todo esse espírito de oração corre enormes riscos de se vir a perder. Temo que o avivamento morra por ali. É tão grave quanto isso". Ele afirmou que sabia que seria assim mesmo e que por essa razão nada teria a dizer sobre a recolha e aceitação dos novos convertidos e que até aquele avivamento haver terminado, não abririam as portas para recolher esses mesmos recém-convertidos e que, sem se tornarem sectários prosélitos, receberiam mais tarde esses mesmos jovens convertidos, caso assim desejassem fazê-lo.

Era uma sexta-feira. O Sábado a seguir era o grande dia da sua convenção mensal. Mas, ao reunirem-se, em vez de haverem guardado sua palavra, eles chamaram aqueles jovens à frente para contarem suas experiências com Cristo para assim virem a ser admitidos na igreja. Tantos quantos foram convencidos a fazê-lo, contaram suas experiências. No dia seguinte houve uma grande parada de Baptismos. O ministro deles, chamou para esse dia um dos ministros mais sectários que eu conheci na questão do baptismo, o qual começou a pregar sobre o assunto.

Buscaram minuciosamente a cidade inteira na busca de novos convertidos, em todas as direcções. E sempre que achavam alguém que se juntasse a eles, faziam um alarido em marcha com cânticos até à água onde os baptizariam de seguida. Isto desde logo magoou os sentimentos de toda a igreja Presbiteriana e todo o espírito de oração e intercessão sumiu no ar. Toda a Obra de Deus morreu por ali. Nas seis semanas seguintes não houve uma singular conversão. Todos, tanto santos como ímpios estavam apenas discutindo a questão do baptismo.

Havia ali um numero considerável de homens, alguns deles de proeminência mesmo, na vila, que estavam sob convicção de pecado intensa, estando bem perto de se converterem, os quais se desviaram na discussão do baptismo. E, de facto, foi algo universal, um mal geral mesmo. Todos se apercebiam que o avivamento estava estagnado e morto. E os Baptistas, mesmo havendo estado em oposição contra o avivamento, esforçavam-se imenso em conseguir para eles uma parte dos convertidos. As pessoas que se haviam convertido, na sua maioria, recusaram o baptismo por imersão, mesmo sem nunca lhes haver dito palavra sobre esse assunto.

Por fim, num Domingo, disse a todos do púlpito assim: "É visível que Deus se desagradou com toda esta situação e que nunca mais houve uma conversão desde que a questão do Baptismo passou a ser discutida. Há cerca de seis semanas que ninguém se converte. Todos vós sabeis qual a razão disto estar a acontecer". Não mencionei o facto do ministro Baptista se haver comprometido em nunca encetar por aquela via de distorção, violando sua palavra até, nem sequer aludi ao caso. Sabia de antemão que isso nunca traria qualquer bem, apenas mais dor ainda, caso divulgasse que o pastor era o único responsável por toda aquela situação. Mas tratei de lhes transmitir que "Não quero usar o culto de domingo para pregar sobre este assunto, mas falarei sobre ele na quarta-feira à uma da tarde. Peço que tragam as vossas Bíblias convosco, lápis para marcarem as passagens e vos entregarei todas as passagens na Bíblia que aludam ao modo de baptismo. Também vos darei, tão bem quanto as entendo, as posições da igreja Baptista sobre essas passagens e de seguida vos darei a minha opinião sobre as mesmas. Podereis assim ver por vós mesmos onde reside a verdade e a mentira".

Assim que se fez quarta-feira, a sala estava repleta de gente. Vi que estariam ali muitos dos irmãos da igreja Baptista presentes. Comecei a ler, primeiro no Antigo Testamento e depois no Novo, todas as passagens que faziam referencia ao modo de se baptizar, tanto quanto as conhecia. Dei as impressões Baptistas sobre aquele assunto e as razões que substanciavam para pensarem conforme pensavam. De seguida dei as minhas visões sobre esse mesmo assunto e as minhas razões também. Pude notar que causara boa impressão a todos presentes e que nenhum espírito malicioso se insurgiu devido a tudo quanto disse. As pessoas presentes estavam todas satisfeitas quanto ao modo e à fórmula de baptismo. Até mesmo os irmãos Baptistas estavam plenamente satisfeitos com tudo o que havia dito, pois coloquei seus pontos de vistas de forma minuciosa, coerente, firme, defendendo-as melhor do que qualquer um deles o faria. Também coloquei perante eles todas as suas razões para pensarem conforme pensam. Antes de despedir a reunião, disse: "Se puderem vir amanhã de novo, à mesma hora, pela uma hora, lerei da Bíblia também todas as passagens da Bíblia que relatam não o modo, mas o baptismo em si, seguindo o mesmo critério que assumi aqui hoje perante todos vós".

Também no dia a seguir a casa estava lotada, talvez ainda mais que no dia anterior. Muitos dos irmãos Baptistas estavam ali presentes de novo. Pude observar que um Presbítero, provavelmente um dos maiores responsáveis pela busca de prosélitos, estava ali sentado também. Depois de haver terminado a parte introdutória do culto, comecei a ler as passagens. Nesse mesmo instante, o dito presbítero ergueu-se e interrompeu a leitura dizendo: "Sr. Finney, tenho um compromisso para atender e não poderei ficar para ouvir a sua leitura dessas passagens. Mas gostaria muito de lhe poder responder. Como poderei saber qual o curso que tomou em sua exposição?" Respondi-lhe respeitosamente: "Sr. Presbítero, eu tenho diante de mim um papel com um esqueleto daquilo que vou dizer, onde estão as passagens que vou ler na ordem que tenciono discuti-las. O senhor pode ficar com ele e caso possa, pode responder mediante esse esquema, lendo-o". Ele então saiu dali e eu pensei mesmo que se tivesse ido embora, para atender ao dito compromisso.

Peguei então no pacto que Deus fez com Abraão, relacionando tudo aquilo que dizia respeito à família em si, directamente sobre a questão de pais e filhos. Dei as opiniões baptistas sobre essas mesmas passagens, passando de seguida a fornecer meus próprios pontos de vista sobre o assunto, vendo e colocando a questão a partir dos dois lados. Toda a gente se emocionou e liquidificaram-se em ternura. As lágrimas correram livremente quando assumi o pacto que Deus fez e que também ainda se mantém dentro dum lar que lhe é fiel. Toda a assembleia ficou sensibilizada e derreteu-se mediante a exposição.

Antes mesmo de haver terminado, um diácono da igreja Presbiteriana saiu com uma criança na sua mão, a qual estivera com ele durante a longa reunião. Contou-me que saíra para os sanitários da igreja e viu por lá aquele presbítero que saíria para atender ao  compromisso, sentado a ouvir tudo aquilo que transmitia, chorando e com sua face lavada em lágrimas.

Assim que terminei, as pessoas aglomeraram-se à minha volta de todos os cantos e com lágrimas em seus olhos agradeciam-me pela forma satisfatória da exibição dos pontos de vista sobre aquele assunto. Posso dizer que a reunião não só foi atendida por membros de ambas as igrejas, mas por toda a comunidade em massa. A questão foi debelada de forma inteligente e poucos dias depois cessou a discussão sobre qualquer baptismo. Todo o avivamento renovou-se, renascendo das cinzas e o pujante poder de Deus manifestou-se de novo. Pouco tempo depois disso, as ordenanças da igreja acabaram por ser aplicadas sem que o Espírito Santo se melindrasse e muitos convertidos chegaram a ser admitidos na igreja.

Já havia mencionado que me hospedava com o Sr. S-. Ele tinha uma família muito interessante. Ele e sua esposa, a quem todos chamavam de tia Lucy, não tinham filhos, mas de tempos em tempos, pelo imenso desejo de seus corações, iam adoptando crianças, uma depois da outra, até haverem chegado ao número de dez. Na altura sua família era composta, então, de sua esposa, a Tia Lucy e dez jovens, creio que metade moças e a outra metade masculina, todos parcialmente da mesma idade. Todos eles estariam convertidos pouco tempo depois. Suas conversões eram deveras muito tocantes e relevantes. Tornaram-se em virtuosos convertidos, muito inteligentes. Família mais feliz que aquela nunca vi, principalmente quando já todos se haviam convertido.

A Tia Lucy, porém, havia sido convertida sob circunstâncias anteriores ao avivamento. Ela nunca havia provado a frescura, a força, o refrigério e a alegria dos convertidos num avivamento. A alegria que evidenciavam diante dela, a paz de espírito que manifestavam, seriam um sério tropeço para ela. Começou por pensar que nunca se havia convertido de facto, embora se houvesse entregue de todo coração à promoção daquela obra de Deus. Mesmo a meio da obra ela entrou num estado de desespero tal que nem sequer queria ver que havia sido útil na obra de Deus. Acabou concluindo que nunca se havia convertido e que sua conversão nunca fora real.

Isto acabou por introduzir um certo mal-estar em forma de tristeza no seio daquela família. Seu esposo pensava que ela havia enlouquecido. Os jovens que a consideravam muito, como sua própria mãe mesmo, estavam apreensivos quanto a ela. Na realidade, todo aquele lar foi levado ao pranto e lamentações por ela. O Sr. S- dedicou muito do seu tempo orando e conversando com ela, tentando reavivar sua esperança. Tive várias conversas oportunas com ela, mas quando se regalava com aquela vista surpreendente e deslumbrante dos novos convertidos, relatos dos quais ela escutava quase diariamente, começou a pensar que ou que nunca se havia convertido, ou nunca se converteria.

O estado das coisas foram-se degradando de dia para dia, até eu próprio haver começado a pensar que ela era um caso de insanidade mental. A rua onde estava situada sua casa era densamente povoada, praticamente uma vila em si, com cerca de três milhas de extensão. A obra de Deus propagou-se de tal forma que em toda aquela extensão, havia apenas uma pessoa ainda por converter. Era um homem jovem, de nome B- H-. Ele opunha-se quase que freneticamente contra a Obra. Quase toda a vila se entregou em súplicas ardentes pela conversão daquele jovem e o seu caso era falado e comentado por toda a gente em redor.

Um dia entrei em casa e estava a Tia Lucy a falar sobre o caso também. Ela dizia: "Ó que pena! Que será do destino deste jovem? Ele vai perder sua alma, seguramente! Que será dele?" Ela parecia estar em grande espírito de agonia sobre o fim daquele homem, porque poderia perder sua alma. Ouvi atentamente o que ela dizia acerca do jovem por uns momentos e de forma grave e sublime disse-lhe: "Tia Lucy, quando você e aquele jovem morrerem, Deus terá de vos dar quartos separados no inferno, para que a senhora esteja só e separada dele". Ela arregalou seus grandes olhos azuis e perguntou: "Mas porquê, Sr. Finney?". Tornei a falar-lhe: "Acha que Deus se tornaria culpável por colocar a senhora num mesmo lugar que aquele homem? Ele anda aí a blasfemar e a irar-se contra Deus em pessoa, a senhora está se sentido muito mal por ele se estar a perder devido ao abuso que ele revela e manifesta  contra Deus abertamente. A senhora teme pela vida dele. Como poderão duas pessoas assim tão diferentes, como dois estados de espírito tão distintos serem colocados num mesmo lugar de condenação?" Ela riu-se. "Claro que não podemos ir para o mesmo lugar!" A partir daquele momento, todo o seu desespero de alma sobre seu estado espiritual desvaneceu para sempre. Logo se tornou num caso distinto em tudo semelhante ao daqueles jovens, joviais e recém-convertidos. Pouco tempo depois o Sr. B- H- converteu-se de seus males e submeteu-se a Deus também.

A cerca de três quarto de milha de onde vivia o Sr. S-, vivia um certo Sr. M-, o qual era um Universalista obstinado e que durante muito tempo se manteve afastado de todas as reuniões de culto. Uma manhã, porem, O Pai Nash, que por essa altura estava habitando comigo em casa do Sr. S-, levantou-se muito cedo, como de costume, indo para um pinhal a uma certa distância da estrada, para assim experimentar uns momentos em oração a sós com Deus. Ele saiu antes do sol nascer. E como lhe era peculiar, ele travava verdadeiras batalhas de parto e de espírito em oração continua. Era uma daquelas manhãs silenciosas, nas quais se podiam ouvir sons a grandes distancias. O Sr. M- levantou-se também e saiu de sua casa muito cedo e ouviu aquela voz em oração. Ele ouvia e ouvia e pôde mesmo distinguir que era a voz de Pai Nash. Sabia que era uma oração também, declarou-nos mais tarde. Mesmo não tendo como distinguir o que dizia agonizando, sabia que ele orava e distinguia quem orava mesmo. Aquele episódio acertou-lhe em cheio como uma seta em seu coração. Ele relatou-nos que tudo aquilo lhe trouxe um certo sentido da realidade da religião em si, tal qual ele nunca antes se houvera apercebido. Aquela seta entrou fundo e ele nunca mais conseguiu sentir qualquer alívio até se haver entregue a Jesus pela fé.

Não sei ao certo quantas pessoas se converteram neste avivamento real. Era uma cidade grande, habitada por gente do campo, agricultores na sua maioria. Creio que quase todos se converteram a Cristo.

Nunca mais visitei aquele local durante variadíssimos anos. Mas ouvia com muita frequência relatos vindos de lá. Pude confirmar que se deu ali algo saudável e de salutar do ponto de vista espiritual e que nunca mais houve uma singular discussão sobre a questão do baptismo dali em diante. Não houve desvios de qualquer ordem e eram sãos do ponto de vista de saúde espiritual.

As doutrinas usadas para promoção deste avivamento, eram as mesmas que sempre usei em lugares distintos daquele: a da depravação total, voluntária de todos os pecadores; a necessidade incondicional duma transformação real de coração tendo com agente cooperante o Espírito Santo; a divindade e a humanidade total do senhor Jesus Cristo; a Sua distinta reconciliação a qual abrangia todos os homens e todas as suas possíveis necessidades; o dom incontornável do Espírito Santo, Sua divindade, Sua agencia e consolação nas questões de arrependimento, fé, justificação, santificação pela fé, persistência em santidade e como condição inabalável, incontornável na salvação de todo homem. Com efeito, todas aquelas doutrinas adjacentes a uma distinta pregação do evangelho acabaram por ser explicadas e entendidas com clareza e evidencia suficientes, tanto quanto nos era possível dentro das circunstâncias. Um enorme e vasto espírito de oração irrompeu e depois daquela discussão sobre o baptismo, sobreveio um espírito de unidade tal entre irmãos, de amor fraternal e comunhão entre crentes, que era de realçar. Nunca tive a oportunidade de confrontar aquela oposição dos irmãos Baptistas do púlpito. A partir daquilo que pude ler e aprender sobre a questão do baptismo, o Senhor concedeu-me conseguir-me manter num espírito inalterável, fora de questões controversas e promíscuas, pelo que a controvérsia desabitou aquele local. Toda aquela discussão produziu um efeito surpreendente e sadio e nenhum espírito de controvérsia ou de maldade, tanto quanto tive oportunidade de verificar, prevaleceu. Tudo quanto Deus fez, foi bom.

 

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